Mesmo no tempo de Jesus não daria para imaginar uma festa de casamento sem vinho, sinal da alegria que lhe é próprio. O que poderia diferenciar entre casamento de ricos e de pobres seria a qualidade do vinho, mas faltar vinho, isso nunca; se faltasse seria uma situação vergonhosa para os noivos e sua família. No casamento segundo a tradição bíblica, para o judeu, o vinho era sinal da alegria e do amor entre os esposos, mas também como se fosse um sinal sacramental onde se poderia intuir o amor com que Deus também os ama.
Faltou, porém, vinho nas bodas de Caná da Galileia, quando Jesus mal começava a desenvolver as suas atividades apostólicas. O trecho evangélico da santa Missa deste domingo, Jo 2,1-11, conta o que aconteceu na festa desse casamento. Jesus, sua mãe e seus discípulos tinham sido convidados. Pelo fato extraordinário que ali aconteceu sobressaem as figuras de Jesus e de sua Mãe, enquanto dos demais convivas e notadamente dos noivos todos permanecem no anonimato. Foi Maria quem percebeu que o vinho veio a faltar. Então, ela disse a Jesus: “Eles não têm mais vinho”. Jesus lhe respondeu: “Mulher, por que dizes isso a mim? Minha hora ainda não chegou”. Maria foi dizer aos que estavam servindo: “Façam tudo o que Ele lhes disser”. Nós sabemos o que aconteceu a seguir, tantas são as vezes que ouvimos falar que Jesus transformou água em vinho nas bodas em Caná. Jesus pediu aos servidores que enchessem de água as seis talhas de cem litros cada que eram usadas para a purificação que os judeus costumavam fazer. Depois disse: “Agora tirai e levai ao mestre-sala”, que a provou e foi manifestar a sua surpresa ao noivo, pois a água havia se transformado em vinho: Todo mundo serve primeiro o vinho melhor e, quando os convidados já estão embriagados, serve o vinho não tão bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora”. São João concluiu a narrativa, observando: “Este foi o início dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Caná da Galileia e manifestou a sua glória, e seus discípulos creram nEle”. Conforme o profeta Isaías previra, ouvindo a primeira leitura da santa Missa, Is 62,1-5, Deus viria restaurar a humanidade desposando-a em novas núpcias, celebrando e festejando com ela um banquete de vida e felicidade, sendo Ele o esposo e o povo a amada. Na segunda leitura, 1 Cor 12,4-11, São Paulo ressalta que na comunidade de fé em Jesus Cristo, a Igreja, há diversidade de dons, ministérios e atividades concedidos, porém, todos estes dons pelo mesmo Espírito Santo, que os distribui a cada um conforme quer, a fim de que não sejam sinal de divisão, mas de comunhão.
Prestemos atenção que no milagre de Caná começou a missão intercessora de Maria. Ela apareceu também como sinal, apenas uma “mulher” que tomou a iniciativa de levar o problema da falta de vinho ao seu Filho, sem verbalizar um pedido explícito a Jesus, pois sabia que Ele a atenderia. Que confiou ela o demonstrou porque foi logo dizendo aos servidores na festa: “Façam tudo o que Ele lhes pedir”. Vem daí que hoje nós, os devotos de Maria, confiamos na Mãe de Jesus sempre que precisamos de alguma graça de Deus tanto que cunhamos esta bela expressão de confiança nela: “Peça à Mãe que o Filho atende”. De fato, dizemos que não há neste mundo nem maior nem melhor intercessora do que a Mãe do Senhor. Jesus atendeu ao pedido da mãe, primeiramente porque de mãe alguma não se nega um seu pedido, depois, porque, pensando bem, Jesus fez desse momento uma oportunidade, embora sua hora ainda não tivesse chegado, para iniciar e acompanhar o anúncio do Reino com o sinal do vinho bom da alegria e do amor de Deus. Inspirado por sua Mãe, Jesus entendeu comparar o Reino de Deus como um casamento, sendo Ele o noivo que dá à noiva, a Igreja, um vinho ainda melhor.
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