No Evangelho da santa Missa deste domingo – Jo 6,1-15 – Jesus tomou a iniciativa, antecipando-se no amor misericordioso. Levantando os olhos e vendo uma grande multidão que vinha ao seu encontro, “Jesus disse a Filipe: Onde vamos comprar tanto pão para dar-lhes de comer? Disse isso para pô-lo à prova, pois Ele mesmo sabia muito bem o que ia fazer. Filipe respondeu: ‘Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um'”. Nós sabemos o que aconteceu depois. Jesus fez o milagre da multiplicação dos pães. Com cinco pães e dois peixes deu de comer a cinco mil homens e das sobras recolheram-se doze cestos. Sem dúvida foi um milagre extraordinário, tanto assim que as pessoas vendo o sinal que Jesus tinha realizado diziam: “Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deve vir ao mundo”. Jesus, mais uma vez antecipando-se à massa popular que tinha a intenção de fazê-Lo rei, retirou-se às escondidas porque seu Reino não era deste mundo. Jesus fugiu denunciando abertamente esse seu pensamento, conforme se lê no versículo 26: “Em verdade, em verdade, vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos saciastes”.
Tomar a iniciativa na evangelização, então, é ter presente que a conversão a Jesus passa pelas boas obras, pela caridade, pela justiça. Somente uma Igreja servidora da vida na caridade tem credibilidade para anunciar o Evangelho. Ninguém segue a Jesus senão por atração, pelo modo como os seus discípulos se amam. Uma Igreja ’em saída’ deve estar a serviço não só dos seus membros, mas também de todas as pessoas da comunidade. Nossa Igreja sempre ensinou que há uma relação íntima entre a evangelização e a promoção humana. O serviço aos pobres e a comunhão com eles são prioridades evangélicas. Daí a famosa ‘opção preferencial pelos pobres’. Pois da contemplação do rosto de Cristo devemos descer à contemplação do rosto dos pobres. Se queremos ser uma Igreja missionária precisamos descer até eles com gestos de misericórdia.
Há necessidade também de tomar a iniciativa não só para matar a fome do corpo, mas também para purificar dos pecados, dos desvios, das ideologias, das manipulações, das acomodações. Por isso, Jesus dizia que não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. E a palavra que saiu de sua boca, desde o primeiro instante do seu apostolado, foi “Convertei-vos e crede no Evangelho”. A Evangelização objetiva a conversão de vida, a uma mudança interior. Ela procura converter ao mesmo tempo a consciência pessoal e coletiva das pessoas. Nessa linha de pensamento o Papa Paulo VI escreveu na “Evangelii Nuntiandi” que pregar o Evangelho é “atingir e como que a modificar pela força do Evangelho os critérios de julgar, os valores que contam, os centros de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade, que se apresentam em contraste com a Palavra de Deus e com o desígnio da salvação” (n. 19). É, em suma, transformar o homem todo e todos os homens, bem como toda a sociedade.
Supliquemos ao Senhor a graça de sermos uma Igreja ’em saída’ que toma a iniciativa de ir ao encontro dos irmãos afastados e de chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar as ovelhas excluídas, não só com palavras, mas também com gestos concretos de bondade e solidariedade, e assim contrair o ‘cheiro de ovelha’. Só assim estas escutam a sua voz e só então será possível anunciar-lhes com êxito o nome de Jesus e do seu santo Evangelho.
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